Além da Respiração



​O cheiro de sangue, pólvora e ferro retorcido era sufocante. O Trem Infinito virara um pesadelo em movimento, e a luta contra o Oni da Lua Inferior tinha atingido um ponto de caos desesperador.

​Zenitsu Agatsuma tremia. Não apenas o medo habitual que o congelava, mas um tremor de pura exaustão. Ele havia lutado, inconsciente, usando sua Respiração do Trovão – Primeira Forma: Habilidade de Concentração Total, desferindo golpes que eram meros flashes para os olhos humanos. Mas agora ele estava acordado, lúcido, e a realidade o esmagava.

​Ele agarrou a caixa de madeira nas costas, o único peso que importava. A caixa de Nezuko.

​"Nezuko-chan, precisamos sair daqui, agora!" 
Sua voz era um sussurro esganiçado.

​O vagão estava parcialmente destruído. Com um último lampejo de adrenalina (não o trovão, apenas o pânico), ele a arrastou para o último vagão de carga, um canto escuro e abandonado, ligeiramente separado do inferno da batalha onde Tanjiro, Inosuke e o Hashira Rengoku ainda lutavam por suas vidas.


​**** ****


​O silêncio do compartimento de carga era ensurdecedor, quebrado apenas pelo rangido metálico do trem. Zenitsu estava agachado, ofegante, agarrado à Nezuko. Ele sentiu o medo transformando-se em algo diferente: uma necessidade protetora avassaladora. Ele precisava de segurança, e ela era a única coisa segura ali.

​Nezuko, que podia encolher seu corpo para caber na caixa, emerge parcialmente. Os olhos rosas brilhavam na escuridão, e ela o encarava com a doçura e a inocência que sobreviviam à sua maldição. Ela estava cansada, exaurida de usar sua força Oni para proteger a todos.

​"Nezuko-chan..." 

Ele estendeu a mão, o medo sumindo sob a escuridão e a vulnerabilidade dela.

"Você está ferida?"

​Em vez de falar (o bambu na boca impedia), ela inclinou a cabeça, e o longo cabelo preto cobriu parte de seu rosto. Ela fez um som baixo, um hum suave, e, surpreendentemente, esfregou a bochecha na mão dele, como um gatinho.

​Zenitsu congelou. Aquele contato, inesperado e íntimo, o atingiu com mais força do que qualquer Primeira Forma.

​Ele retirou o bambu, mais por instinto do que por razão.

​"Diga... diga alguma coisa," 
ele implorou, a voz tremendo.

​Ela apenas o olhou, o calor de seu hálito Oni-humano no seu pulso. Então, lentamente, ela levou a mão ao seu pescoço, onde o colar estava. Não era uma carícia. Era um toque de posse.

​O corpo de Zenitsu reagiu instantaneamente. A adrenalina que o salvava em batalha era agora pura energia sexual. Aquele era o desespero do Trem Infinito, transformado em luxúria proibida. 

Ele era um covarde, mas quando confrontado com a perda de Nezuko, ele se tornava o predador.



**** ****


​Ele a empurrou delicadamente para trás, até que as costas dela batessem em uma pilha de caixotes de madeira. Nezuko não resistiu. Ela parecia esperar por isso.

​Zenitsu se inclinou, e a beijou.

​Não era um beijo hesitante. Era um beijo de fome e alívio, um assalto de lábios e línguas em meio ao cheiro de morte. Ele sentiu o gosto doce e selvagem que não era humano, mas não se importou. Ele havia passado anos aterrorizado por Onis, mas ela era o seu demônio.

​Ele deslizou a mão para dentro de seu quimono, sobrepondo o tecido fino. A pele de Nezuko era quente, febril, uma temperatura Oni que o incendiava. Ele a deitou nos caixotes, subindo sobre ela, e começou a beijar seu pescoço, o local onde a transformação havia acontecido.

​"Eu sou tão fraco, Nezuko-chan," 

ele sussurrou contra a pele dela, enquanto ela gemia, um som gutural e rouco, metade Oni, metade humana. 

"Mas por você..."

​Com um movimento rápido e decidido (um traço de sua personalidade adormecida), ele puxou seu próprio quimono, expondo-se. Ele estava duro, implorando por alívio.

​Nezuko parou de gemer e o encarou, seus olhos rosas cheios de um entendimento animal. Ela levou a mão ao seu membro, tocando-o com a curiosidade de uma criança e a intenção de uma mulher.

​"Você me deixa... forte," 
ele ofegou, enquanto ela agarrava seu pau. 

Ele percebeu que a Respiração do Trovão não era a única técnica que o fazia superar seu medo. Havia uma outra respiração, uma energia que vinha de um lugar mais primitivo, mais carnal.

​Ele se ajoelhou e tirou as calças dela. A visão de suas pernas e quadril nus, espremidos contra a madeira, fez seu coração bater em um ritmo insano, mais rápido que o trovão.

​Ele a penetrou lentamente, cautelosamente, com a mesma concentração que usava para desferir o Trovão. A entrada dela era apertada, quente, e a sensação o fez soltar um gemido rouco.

​Nezuko arqueou as costas, o calor Oni irradiando para ele.

​"Zen-i-tsu," 
ela disse, o nome quebrado, rouco, o primeiro som que ele ouviu dela sem o bambu.

​Ele estocou. Uma vez. Duas vezes. O ritmo era lento e intenso. Era uma Respiração do Afeto Concentrado. Ele não estava lutando contra um Oni. Ele estava se fundindo com o único Oni que importava, o único que ele queria proteger e possuir.

​O trem guinchou alto. O som da batalha lá na frente parecia distante. Ele acelerou, o medo sumindo completamente. Ele não ia morrer. Não agora. Ele tinha um propósito mais profundo.

​Quando ele gozou, gritou o nome dela, não de medo, mas de pura, desesperada satisfação. Seu corpo mole caiu sobre o dela, e eles ficaram ali, um Oni e um caçador, respirando juntos o cheiro de luxúria e salvação.

​Nezuko o beijou de volta, um beijo de promessa. Ela empurrou o bambu de volta na boca, mas o olhar dizia: O segredo está guardado. Eu sou sua.

​Zenitsu se recompôs, voltando a tremer, agora com medo do que havia acabado de fazer. Mas no fundo, ele sabia. Ele havia descoberto sua Respiração mais poderosa, uma que não precisava de sono para se manifestar.

​"O que vai ser de mim?" 
ele chorou, voltando a ser o covarde.

​Nezuko apenas acariciou seu cabelo e fez um som suave. Nós vamos superar.

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