Amor em meio ao caos
Mano… eu já vi muita treta nessa vida. Já vi briga de gangue, já vi giver insano abrindo buraco no chão com um simples peteleco. Mas ela… ela é diferente.
Eu tava no alto de um prédio caindo aos pedaços, bloco de notas e caneta na mão, suando frio. Vinte de nós contra duzentos arruaceiros armados até os dentes. Parecia impossível. Mas aí… aí tinha a Luna.
— Cês vão se arrepender de ter vindo até aqui! — gritei, rabiscando rápido no meu bloco. As letras começaram a brilhar e BANG! Uma espada gigante surgiu na minha frente. Nada de especial, só aço puro e simples. É o que eu consigo fazer.
Mas ela…
Do nada, vejo a bola dela quicando, caindo bem na frente do meu pé. Antes que eu entendesse, Luna passou voando por cima da minha cabeça, cabelo preso num rabo de cavalo, olhar de predadora.
Quando o pé dela tocou na bola, FWOOOSH! — chamas rosa explodiram, tão quentes que eu senti o calor daqui. A roupa dela mudou na hora, short curtíssimo, camisa 10, fone rosa de gatinho brilhando nas orelhas. Luna parecia mais uma estrela de rock que uma guerreira.
— Vamos jogar, otários! — ela gritou, com aquele sorrisinho de canto que me mata por dentro.
Os inimigos vieram feito enxame, mas ela só ria, driblando no meio deles como se fosse treino de futebol. Um deles tentou pegar ela por trás.
— Aonde pensa que vai, filhote de rato? — ela falou, sem nem olhar.
BAM! Um chute cruzado na cara do cara. Ele voou uns três metros.
A galera começou a gritar:
— PEGA ESSA LUNÁTICA!
Ela só respondeu:
— Vem quente que eu tô fervendo!
Foi lindo, mano. Ela cercada, dez caras contra ela. Aí ela recuou, ajeitou a bola, e com um chute só:
BOOOOOOM!
Dez inimigos no chão, gemendo, alguns rolando de dor, outros nem levantando. A bola voltou girando pra ela, envolta naquele fogo rosa sinistro.
Eu fiquei parado, besta.
— Caraca, que mulher, mano… — sussurrei, quase esquecendo de lutar.
— Wellington, vai ficar olhando ou vai fazer alguma coisa? — ela gritou pra mim, chutando outro cara no estômago.
Acordei na hora.
— Ah, é… certo, certo! — comecei a escrever feito louco no meu bloco. Espadas surgiam, lanças caíam do céu, eu fazia o que dava.
Mas a real? O show era dela. Sempre foi.
****** ******
Luna saiu do campo de batalha suada, corpo brilhando como se tivesse sido esculpida em fogo e adrenalina. O shortinho rosa colado à pele, a camiseta grudada nos seios firmes e o cabelo desgrenhado só aumentavam o contraste entre a guerreira e a mulher comum. Ela passou a mão na testa, bufando:
— Preciso de uma chuveirada antes que esse fogo me consuma.
Wellington, que ainda estava sentado no canto com o bloco de notas cheio de rabiscos mágicos, não tirava os olhos dela. Ele tentou disfarçar, mas o peito batia forte de saudade do que já tinham vivido. Enquanto ela caminhava em direção ao alojamento improvisado, ele pensou:
“Só uma olhadinha… não é errado… é só… matar a saudade.”
Chegou devagar até a porta entreaberta do quarto dela. O vapor do chuveiro já escapava pelas frestas. No reflexo do espelho rachado, ele viu Luna apenas de shortinho e camiseta larga, sem sutiã por baixo. Os mamilos marcavam contra o tecido molhado. Wellington engoliu seco.
Ela balançava a cabeça no ritmo de uma música que só ela ouvia, erguendo os braços pra prender de novo o cabelo. O movimento fez o short subir ainda mais, revelando a curva da bunda redonda.
O coração dele acelerou. Não queria ser o tarado da história, mas a lembrança do cheiro dela, do gosto da pele, o corroía.
Até que…
— Tá gostando do show, espião? — a voz dela cortou o vapor, firme, divertida e letal ao mesmo tempo.
Wellington congelou. Antes que respondesse, Luna pegou a bola rosada que estava encostada no canto e, sem nem mirar, CHUTOU!
PÁÁÁÁ!
A bola acertou em cheio o rosto dele, jogando-o contra a parede do corredor. Ele caiu sentado, com o nariz latejando.
Luna apareceu na porta, ainda suada, camiseta colada no corpo, short mínimo, o olhar faiscando.
— Achei que já tinha aprendido que comigo não tem replay escondido, Wellington. — Ela deu um sorriso de canto, aquele que misturava provocação e promessa. — Se quiser ver… pede.
Ela se virou, deixando a visão da bunda balançando até desaparecer de volta no quarto.
Wellington, com a mão no nariz, murmurou:
— Caralho… essa mulher ainda vai me matar… ou me salvar.
****** ******
O cheiro da Zona Proibida era diferente de qualquer outro lugar que já pisei.
Um misto de ferro, podridão e fumaça, como se a terra tivesse sido cozida por dentro e agora vomitasse seus horrores de volta ao mundo.
Segurei a bola contra o quadril, o suor já descendo pelo pescoço. Os gritos das feras emaculadas ecoavam no breu, uns sons que pareciam metade humano, metade monstro. A cada passo, a grama morta se desfazia em cinzas.
— Cuidado com o da direita! — gritei, chutando a bola em arco.
Ela riscou o ar como um meteoro rosa, explodindo a criatura num clarão que espalhou tripas ardendo pelo chão.
Atrás de mim, ouvi Wellington bufando, o bloco de notas brilhando na mão dele, letras correndo pela página como se tivessem vida própria. Daquela bagunça nasceu uma lança de luz que atravessou o pescoço de outro bicho. Ele era lento, atrapalhado, mas quando pegava o ritmo, até que fazia estrago.
— Caraca, Luna, esses bichos não acabam nunca! — ele resmungou, suado.
— Bem-vindo à Zona Proibida, bebê. Aqui é infinito. — Sorri de canto, preparando outro chute.
Foi nesse intervalo que ele resolveu abrir a boca.
— Luna… — a voz dele saiu meio trêmula, e não era só do cansaço. — Eu tava pensando… e se… a gente tentasse de novo?
Quase deixei a bola cair. “De novo”? Ele realmente escolheu esse momento?
— Você só pode tá de sacanagem, Wellington. — chutei outra fera no estômago, o corpo dela voando como boneco de pano. — Tem uma horda tentando arrancar nossas cabeças e você quer discutir relacionamento?
Ele insistiu, voz mais baixa:
— Eu só… sinto falta do que a gente teve.
Revirei os olhos, desviando de uma garra que quase abriu minhas costas.
— Não é hora pra isso. — falei seca, mirando na criatura e detonando a cabeça dela com um chute que fez o chão tremer.
O silêncio entre nós pesou, mas não durou muito. Uma voz atrás quebrou a tensão:
— Opa, será que tô atrapalhando o casalzinho aí? — Um dos nossos parceiros gritou, rindo, enquanto atravessava duas feras de uma vez só.
Senti meu rosto esquentar, não sei se de raiva ou vergonha. Wellington tossiu, sem graça.
— Cala a boca e luta, idiota! — respondi, mas não consegui esconder o sorriso rápido que escapou.
A batalha se arrastou até que o último urro das feras morreu. O campo ficou coberto de corpos fumegantes, o chão rachado, o ar pesado de fumaça rosa e cinza. Eu estava ensopada de suor, o short grudado, a camiseta rasgada num ombro.
Voltamos em silêncio até a base. Cada passo era uma mistura de exaustão e alívio. Quando chegamos, os outros se dispersaram rápido, cada um cuidando dos próprios ferimentos.
Eu parei na porta do meu quarto, sentindo o olhar dele nas minhas costas. Demorei alguns segundos, respirei fundo, e falei sem virar:
— Vai ficar aí plantado ou vai entrar?
Ouvi o engasgo dele atrás de mim.
— Quê?
Virei de leve, o sorriso torto no rosto.
— Você queria tanto conversar, não queria? Então vem. Quem sabe não sobra um tempo pra mais do que papo.
E fechei a porta atrás de nós dois.
***** ******
Sento na beirada da cama, os dedos ainda tremendo um pouco — não só da adrenalina da Zona Proibida, mas porque olhar pro Wellington trouxe de volta tudo que a gente já foi. Ele se ajeita, encosta o bloco de notas no joelho como se aquilo ainda desse sentido ao mundo. O quarto tá abafado, o vapor do meu banho ainda subindo pela fresta da porta; o cheiro do meu xampu mistura com suor e ferro queimado.
— Você vai ficar aí parado o dia inteiro? — eu provo, sem tirar os olhos dele.
Ele abre a boca, fecha, parece medir as palavras. — Eu… só queria conversar. Sobre a gente.
Puxo a mão pro cabelo, ainda molhado, e rio baixo. — Conversar é problema meu? — digo, mas a voz falha por uns segundos. A verdade pesa. — Vai lá pro banheiro. Toma seu banho também.
Ele hesita, depois vai. Escuto a água batendo, o som distante de alguém tentando organizar pensamentos com sabão. Fico sentada, olhando as marcas na parede; cada cicatriz é uma história. Penso nas vezes que me joguei na frente e ele me salvou. Nos momentos em que eu salvei ele. Em tudo que virou ferida e, de algum jeito, virou aliança.
A água acaba. Ouço a porta abrir — ou fechando, não sei bem — e quando me viro, ele tá parado, só de toalha na cintura, parecendo menor, mais vulnerável que no campo de batalha. A cena me aquece de um jeito que não tem nada a ver com luta.
— Tá melhor? — pergunto.
Ele faz um sorriso torto, cora. — Tô. E você?
— Já. — Me levanto e caminho pro banheiro. — Vem cá.
Ele entra depois de mim, fecha a porta e fica sentado na cama enquanto eu ligo o chuveiro de novo. A água cai quente nas minhas costas, e eu deixo ela levar o resto da poeira e do sangue grudado na pele. Ele fala baixo, quase sem me ver:
— Eu sinto falta da gente. Do que a gente tinha... — a voz dele quebra no “tinha” como se excluísse uma parte que ainda existe.
Sorrio por baixo do jato. O calor da água me dá coragem. — Sabe qual é o principal dogma dos Zeladores? — pergunto, virando pra encarar o reflexo dele no espelho embaçado.
— Defender a causa, custe o que custar? — ele arrisca.
— Não. — A resposta sai fácil. — O principal dogma é confiança.
Vejo ele franzir a testa; a toalha treme entre os dedos. — Confiança?
— Confiança. — Enxugo rapidinho o cabelo com a toalha, engulo o que quero dizer. — Confiança é algo tão simples, mas que muda drasticamente o rumo de uma batalha. Só consigo me soltar livremente porque eu sei que você, o Zancar e os outros estarão lá pra me salvar se eu tiver perto de morrer. O que quase nunca acontece, porque eu sou foda. — Dou uma risada curta, pra disfarçar o nó que apertou no peito.
— É mesmo? — ele responde, sem jeito, e eu percebo que ele não tá só ouvindo — faz sentindo.
Saio do chuveiro, enrolo a toalha na cintura só pra atravessar o quarto. Ele observa cada passo como se eu fosse uma cena que ele quer guardar. Respiro fundo e, na frente dele, começo a tirar a camiseta molhada. Primeiro um ombro, depois os seios; a toalha ainda na cintura impede que isso vire exposição total, mas o suficiente pra deixar claro que não há maldade nas minhas intenções — só teste.
Enquanto tiro a peça, continuo: — Confiança é isso. É poder ficar nua na frente de alguém e saber que ele não vai usar isso contra você.
Ele fica vermelho como um tomate, a mão cobrindo a boca. A ereção sob a toalha denuncia que a questão da confiança mexe com coisas muito mais físicas também. Eu observo, sem pressa, deixando o silêncio fazer a parte pesada do trabalho.
— E por que me contar tudo isso agora? — ele pergunta, a voz baixa.
Me viro e encaro os olhos dele. — Porque é só por isso que troquei de roupa na sua frente agora. Porque confio em você e sei que você não vai contar pra ninguém. E se fosse maluco, a morte seria rápida no pique da minha bola. — Solto um sorrisinho torto, sabendo que o comentário tem dupla intenção.
Ele tenta rir, falha, e eu já vejo o rubor subindo pelo pescoço. Então, faço o que planejei desde que fechei a porta: tiro a toalha da cintura. Devagar. Sem pressa. Enquanto faço, não paro de falar, porque quero que cada palavra entre antes de qualquer gesto.
— Confiança muda tudo — digo, andando até a frente dele, agora totalmente nua —. Confiança é saber que você não vai me trair por um boato, nem vacilar quando eu precisar que me segurem. Por isso eu me expus. Por isso eu confio.
Ele desvia o olhar por um segundo, incapaz. A ereção já não é segredo. Eu sorrio com indulgência.
— Vejo que alguém tá animado. — arqueio a sobrancelha. — Acho que rola um replay, mas não prometo nada depois disso.
Ele engole em seco, e a vergonha se mistura com desejo. Antes que ele consiga formular uma resposta coerente, me jogo por cima dele. Ele cai pra trás na cama, atordoado, e eu monto nele sem cerimônia. Os olhos dele se fecham, já perdido. Puxo o rosto dele pra mais perto e o beijo com urgência — um beijo que é soco, que é lembrança, que é promessa.
Ele retribui com força, as mãos agarrando minhas costas, os dedos afundando na minha pele. O mundo lá fora — a Zona Proibida, as feras, tudo — some por segundos enquanto nós dois reconstruímos uma coisa que nunca foi só mito: confiança, selada em saliva e suor.
Quando o beijo finalmente solta, eu sorrio contra a boca dele. — Viu? — sussurro. — Confiança. Sempre funcionou.
****** ******
Eu não sabia se estava sonhando ou acordado.
Luna, montada em mim, nua, os cabelos ainda molhados do banho escorrendo pelo ombro… parecia uma visão de outro mundo. Meu pau latejava tão duro que doía, e ela só sorria com aquele jeito de quem sabe exatamente o estrago que causa.
— Tá todo vermelho, Wellington… — ela provocou, esfregando a boceta molhada na toalha que me cobria. — Parece que vai explodir só de me olhar.
Eu engasguei, tentando manter a compostura. — Você não presta…
— Não mesmo. — E arrancou a toalha de cima de mim com um puxão. — Mas aposto que é exatamente isso que você gosta.
Meu pau pulou livre, rígido, apontando direto pra ela. Luna mordeu o lábio, passou a mão de leve pela cabeça, espalhando minha própria excitação só pra me torturar.
— Caralho, Luna… — gemi, tentando agarrá-la.
Ela me empurrou de volta na cama, rindo. — Quieto. Hoje eu que mando.
Rebolando devagar, ela se posicionou e, sem aviso, afundou até o fim, gemendo alto quando meu pau a preencheu por inteiro. Meu corpo arqueou, o prazer me atravessando como choque.
— Porra, você é tão apertada… — falei entre dentes.
— E você é grande pra caralho… — ela retrucou, começando a cavalgar com força, as mãos cravando no meu peito. — É isso que você queria, né? Me comer de novo como um cachorrinho carente.
— Eu queria te foder até você pedir arrego. — rosnei, segurando firme a cintura dela e invertendo o jogo. Empurrei Luna pra trás e comecei a socar dentro dela, cada estocada forte, fazendo seu corpo pular.
— Ahn… ahn… seu desgraçado! — ela gritou, mas o sorriso no rosto dizia o contrário. — Mete mais, quero ver se aguenta o tranco!
O quarto se encheu de estalos, nossos corpos batendo, gemidos e palavrões misturados. Ela arranhava minhas costas, mordia meu ombro, me chamava de safado, enquanto eu respondia chamando ela de putinha insaciável.
Troquei de posição, virei ela de quatro, segurei firme na cintura e entrei de novo, mais fundo, mais bruto. Ela urrou, empinando ainda mais a bunda.
— Vai, porra! Mete tudo! Arrebenta essa boceta, Wellington!
O som dela me deixava insano. Bati com a palma na bunda dela, o vermelho se espalhando pela pele. Ela só riu, olhando por cima do ombro:
— É isso? Só isso que você tem?
Mordi os dentes, puxei seu cabelo pra trás e a fodi ainda mais rápido, até sentir minhas pernas tremerem. Ela gozou primeiro, gritando alto, o corpo inteiro tremendo, mas não parou de rebolar contra mim.
— Goza, vai… goza dentro de mim, seu filho da puta!
E eu não aguentei. Segurei ela forte, enfiei até o talo e explodi, jorrando com força dentro dela, gemendo junto com seus gemidos. O quarto inteiro parecia vibrar com o peso do orgasmo.
Caímos os dois na cama, suados, ofegantes, exaustos. Ela ainda deitada de barriga pra baixo, rindo baixinho. Eu, deitado de lado, tentando recuperar o fôlego.
Ela virou o rosto, os olhos ainda ardendo.
— Confiança, Wellington… — disse num tom sério, diferente do de antes. — Confiança é tudo. E se me quiser de volta… vai ter que restabelecer essa confiança.
As palavras ficaram ecoando na minha cabeça, mais fortes que qualquer gemido.
E foi ali que percebi: a batalha mais difícil não era contra as feras da Zona Proibida. Era contra ela, e eu estava disposto a batalhar.
Comentários
Postar um comentário